14.12.07

É o que tem a realidade, ser deprimente.

Concorda com a instalação de câmaras de videovigilância nas ruas?
1 – Sim 63%
2 – Não 13%
3 – Só em locais com índices de criminalidade elevados. 25%

Inquérito do jornal Público, 14 de Dez. 07

Eis para que serve a arte de brandir espantalhos: incutir o medo no coração dos isolados. Longa e devidamente acagaçado pela diversão noticiosa, intelectualmente anulado por uma escolaridade de repetição, o anestesiado cidadão comum começa por não perceber nada do que lhe cai em cima, e acaba a exigir um guarda-chuva de aço inoxidável, com antenas que o ponham em comunicação com um qualquer Papá. Dez milhões de insensíveis, dez milhões de cobardes, cada um com o seu Salazar de barro na cristaleira do entendimento. Em vez de uma sociedade de irmãos, ou vá lá de bons vizinhos, uma sociedade de filhos eternamente dependentes, de menores bunkerizados. Cada um na sua noite e deus por todos. Tudo pela segurança, contra a segurança nada. Autoridade sempre. Viva o cheque em branco. Abaixo a liberdade.

1 comentário:

Cadáver Morto disse...

Já deves ter percebido que não há bons selvagens. Não há cá bons irmãos e tal e fraternidade e mainãoseiquê.
Só te digo que depois da minha última viagem a Itália percebi o valor das maquininhas de videovigilância. Andei por onde quis, à noite, com total tranquilidade e confiança. Via gente normal nas ruas, famílias, jovens, idosos, todos serenos a apreciarem o que queriam apreciar. Infelizmente não vês isso no Porto. As ruas desertificam-se a partir de determinada hora e, ao caminhar por elas se vês alguém a vir ao teu encontro, tens tendência a avaliar que intenções terá aquela pessoa.
E outra coisa: lá também é proibido fumar nos cafés. Mas, no fim de contas, até nem me incomoda por aí além.