REGRESSO À VIDA CAMPESTRE
Jovem, sem pendor para o trato do mundo,
por temperamento amava as montanhas.
Caí por descuido nas malhas do século
e nelas retido fiquei longos anos.
A ave cativa recorda o seu bosque;
os peixes na presa, o rio natal.
Lavrando uma gleba nas matas do Sul,
camponês permaneço e à terra regresso.
Três jeiras de solo, é tudo o que tenho;
à sombra dos olmos e dos salgueiros,
de tábuas e colmo se faz uma casa.
Diante da sala - um pessegueiro.
Esfumam-se ao longe as aldeias dos homens,
e sobre os telhados as lentas fumaças.
Cantam os galos nas amoreiras
e ladram os cães no fim das vielas.
Não me perturbam grosseiros tumultos
nem guerras alheias, pertencem-me as horas.
Tempo demais vivi prisioneiro,
eis-me por fim devolvido a mim mesmo.
Versão de José Miguel Silva,
a partir da tradução francesa de Paul Demiéville.
14.6.07
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