23.10.07

Sem dúvida, e fazem sexo 14 vezes por semana, em média.

"Leitura: 57 por cento dos portugueses dizem ler livros."
Público, 23 Out. 07

17.10.07

Levanta-te e Ri

Combater a pobreza? Nada mais fácil!

Segundo fontes anónimas da Campanha Pobreza Zero, as próximas iniciativas contra a pobreza serão as seguintes:

Uma Queca Contra a Pobreza - 19 de Outubro.
Coçar a Cabeça Contra a Pobreza - 5 de Novembro.
Beber um Copo de Água Contra a Pobreza - 9 de Nov.
Fazer uma Chamada Telefónica Contra a Pobreza - 21 de Nov. (Com patrocínio da TMN)
Piscar os Olhos Muito Rapidamente Contra a Pobreza - 6 de Dez.
Comer um Sashimi de Lavagante contra a Pobreza - 12 de Dez.
Abanar Compungidamente a Cabeça Contra a Pobreza - 21 de Dez.

16.10.07

A brasilófilos e afins

"PÔXA, A GENTE ASSIM SE SENTE TRISTE"


“Eu tenho 14 anos. Eu vou falar aqui é de uns colegas que morreu. Queria apenas se o matador daqui desse uma chance à gente, que não matava mais ninguém. Eu peço a ele, por favor vocês, deputados, assim governador, eu não sei, ajuda a gente, por favor, porque a gente tá precisando. Eu tinha um colega que ele morreu ali, aqui na praça mesmo, ali, em frente um bar, só por causa duma camisa. O meu colega, ele tava com frio, que é porque a gente dormia na rua. Esses policiais, eles tá ficando ruim com a gente, eles gosta é de bater na gente, torturar a gente. Pôxa, a gente assim se sente triste, pôxa, ninguém faz nada pela gente, algumas pessoas é que ajuda a gente. Os policiais pega a gente à toa aqui, se a gente dormir na praça aqui, eles taca água. Os bandidos próprio eles tá com a polícia. Pôxa, se a gente dormir aqui na praça eles quer matar, as polícias vê e não faz nada, os policiais mesmo ajuda. Agora eu vou falar é de um colega meu, que morreu, tava eu e os colegas meu na praça, sentado, aí de repente veio a polícia, a gente não tava fazendo nada, a gente tava só brincando perto de uma estátua que tem na praça. Aí, pôxa, coitado da gente, a gente não tava fazendo nada, o polícia chegou com a sua patrulha, pegou meu colega, ele tirou o revólver, aí deu um tiro no meu colega à toa. Veja só, à toa! Deu um tiro no meu colega à toa. Aí outro colega meu correu, aí todo o mundo correu. E eu vou falar é de outro colega que morreu. Ele morreu foi na outra praça baleado legal, não teve nem tempo de respirar nem nada. Quando a gente foi ver, ele já estava morto. Aí, quem foi?, quem foi? E os policiais, pôxa desse jeito, é matando a gente, a gente não tá fazendo nada, não tá xingando ninguém, a gente pega assim nos bar é porque a gente tem fome. Aí chegou um cara chamado de matador, mão branca, aí chegou o mão branca. O mão branca começou a matar a gente assim à toa. Pôxa, esse mão branca, eles tinha que dar uma chance prá gente. Meus colegas, eles tá morrendo tudo. Eu já tive preso muitas vezes. Aí os policiais pegava a gente, começava a torturar, aí eles queimava a gente de cigarro, aí é fazer uma porção de coisa, a gente ficar assim de braço para cima, assim tacava água na gente, na mão da gente aí, olha só, dói, fazia a gente comer cocó, comer barata. Pôxa, a gente já sofremos muito, o senhor tem que ver. É que os filhos deles eles não faz isso. Agora, com a gente, eles quer espancar. Aí falam assim, se você falar para o juiz, aí eu vou te matar, aí a gente fica tudo com medo, aí a gente não fala pró juiz. Que é porque eles, se a gente falar pró juiz, aí o juiz vai mandar eles embora. Aí eles tem família, tem isso tem aquilo para criar, né? Aí eles chega prá gente e ameaça a gente. Eu tou na rua que é porque a minha mãe ganha pouco, é não dá, eu tenho é três irmãos, aí não dá pra sustentar a gente. O meu padrasto ganha pouco. A gente é sofrer mesmo, é sofredor. Os policiais às vezes, eles ameaça a gente, eles manda a gente roubar pra eles, se a gente não roubar pra eles eles quer matar a gente, é na madrugada, quer fazer uma porção de coisas com a gente, eles quer é estuprar e gente.”

In Vidas Caídas, José Amaro Dionísio, Antígona, 1993

14.10.07

Clichés de Chusseau Flaviens # 2

Intelectuais Portugueses

Clichés de Chusseau Flaviens # 1

Deputado do Partido Regenerador em Acção , c. 1909

Adeus ao Porto

Ruas sem peões e lojas fechadas; a melhor arquitectura urbana portuguesa reduzida a uma ocupação de rés-do-chão, com uma perspectiva de teias de aranha e vidros sujos à espera do infeliz que se atreva a erguer os olhos para os primeiros, os segundos, os terceiros andares; jardins desmantelados ou entregues à fúria vandalizadora dos excluídos; arruamentos de lixo e entulho; escombros lado a lado com futuros escombros; um quadro humano feito de horrores provincianos, de olhares saloios, de pavorosa torpeza física e mental – aquela que foi em tempos a mais bela (e até a mais dinâmica) cidade portuguesa não passa hoje duma cratera histórica, pungente, calcorreada apenas por curiosos de pedra devoluta, de azulejo partido, de varandins enferrujados. Não resta sequer um café, uma livraria, um jardim onde apeteça estar. Passear hoje no Porto, num sábado à tarde, é descobrir uma cidade em colapso, uma cidade desertada pela peste, um cenário para filmes de temática apocalíptica ou eventos festivaleiros.

Um dia, o Porto servirá como case-study para quem quiser investigar como se destrói uma cidade, uma paisagem, um país. E se não se demorar muito, o investigador poderá encontrar ainda vivos alguns dos principais responsáveis, e colher da boca de Fernando Gomes, Nuno Cardoso e Rui Rio os mais probantes depoimentos. A estes futuros vultos da toponímia portuense, verdadeiros vândalos autárquicos, haveria que pedir contas, se Portugal fosse um país onde tais coisas se peçam. Não interessa. É tarde. E ao Porto (nunca pensei vir a dizer isto) apetece nunca mais voltar.

3.10.07

Galeria de Fantasmas # 4

Cromer's amateur, Organ Grinder on street with children passing , c.1850

1.10.07

Galeria de Fantasmas # 3



Thomas Annan, Saltmarket from Bridgegate, Glasgow, 1868