Hoy, los centros educativos se dedican a la fabricación de esclavos cada vez más perfectos, más diestros y provechosos en su función. Y las empresas de noticias, que usan todas las técnicas del envilecimiento y están orientadas contra la inteligencia, trabajan sobre todo para la insensibilidade de esos esclavos. Los hombres actuales, alienados no ya por el trabajo sino por la distracción, carecen de más de un tercio de sus jornadas para si mismos, que és, según uno de nuestros fundadores, la condición mínima para considerarse libre. Aunque esto no es lo peor. Peor todavía es que, en caso de que dispusieran de más horas para sí mismos, no harían con ellas nada peligroso para sus amos. Al contrario, se dedicarían a adorar a sus amos.
(Discurso inaugural de Don Juan Espectro, profesor de Metafísica en la Escuela Popular de Docta Ignorancia)
in La Razón y Otras Dudas, Pre-Textos, 2007
21.7.07
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3 comentários:
Eis um parágrafo que subscrevo. Porém, três reflexões:
Os humanos de que se fala, são os 20% que decidiram trocar a liberdade de participar na História pelo bem-estar material. Estes sentem-se privilegiados pela sua alienação. Recusam a rebelião: adoram seus amos, a elite que faz a História, da qual replicam os gestos veiculados pela escola e pelos media. Consomem e retiram daí uma sensação muito agradável. Porque haveriam de desejar não ser aviltados? Porque haveriam de exigir a liberdade, logo os riscos, de influenciar a História?
Pior, os outros 80%, na prática, servos desses 20%. Estes é que são os escravos. E desejam por todos os meios, com risco de vida, aceder à condição de alienados. A sua servidão é a rude escravatura sem qualquer hipótese de alívio. Estes não acederam ainda à condição de seres humanos.
Desde o neolítico, inventam-se sistemas sociais (e respectivos veículos - religiões, ideologias, media) para maximizar a produção em benefício do déspota, do rei, da elite. Produção ou punição. Ou subversão. O belo no actual sistema é que parece ter esvaziado de sentido a subversão. Porque não é evidente a sua necessidade. Porque transformou a subversão em folclore. Aliás, tendo integrado tudo, não há margem. Não parece possível a oposição à História produzida pela elite. Ou evasão alienada ou existência infra-humana. Quando os recursos acabarem, talvez caiam as cortinas; então veremos o outro como ele é: o inimigo brutal olhos nos olhos.
Embora as suas percentagens, Paulo, me pareçam algo fantasiosas, não posso deixar de concordar com a sua visão. Creio, contudo, que existem mais gradações na pirâmide social, para além desses 20%-80%. Há os que têm "tudo" (0,001%?), os que têm demasiado (10%?), os que têm bastante (30%?), os que têm pouco (45%?)e os que não têm nada (15%?).
E às vezes os que não têm nada são, de todos eles, os menos escravizados.
Quanto ao mais, partilho do seu pessimismo: é aparentemente impossível contrariar a actual ordem do mundo; mas estou certo de que dilapidação há-de ter fim, no dia em que o povo começar a pensar, e não com a cabeça (isso seria talvez esperar demasiado) mas com o estômago, esse grande órgão revolucionário. Os homens são assim - enquanto sentem ter ainda algo a perder (nem que seja um emprego de escravo) amocham um pouco mais, engolem em seco, ferram os punhos no fudo das calças; quando chega o desespero...
A percentagem dos que não têm nada é na verdade de 20% (há mil milhões de seres humanos que sobrevivem com menos de 1 dólar por dia).
Neste momento não tenho a fonte exacta desta informação, mas posso indicá-la amanhã ou depois. Memorizei este número por ser tão estarrecedor.
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