"5,5% por ano, é o crescimento dos colonatos na Cisjordânia, ou seja, "três vezes mais o crescimento natural do Estado judaico", diz o gabinete de coordenação da ONU para os assuntos humanitários. Quarenta anos depois da Guerra dos Seis Dias, à humilhação dos árabes juntam-se agora previsões ainda mais sombrias para os palestinianos. O seu presidente, Mahmoud Abbas, reconhece que eles estão "à beira de uma guerra civil", enquanto duas organizações internacionais alertam que a criação de um Estado independente, viável e contíguo, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, é cada vez mais uma ficção. "
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Os confrontos [entre elementos da Fatah e do Hamas]quase ofuscaram manifestações evocativas do aniversário da guerra de 1967, como a montagem, por parte de pacifistas israelitas, de um simbólico checkpoint em Telavive, como denúncia das humilhações impostas aos palestinianos nos mais de 500 postos de controlo erguidos pelos militares na Cisjordânia.
No seu discurso televisivo, em vésperas de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, Abbas tentou ontem mostrar-se confiante. "Desde essa data negra [1967], o nosso povo e nação pagam um preço elevado por uma grande derrota. [...] Apesar de todas as dificuldades, caminhamos para a independência, um objectivo que está cada vez mais próximo."
Não é um optimismo partilhado pelo gabinete de coordenação das Nações Unidas para os assuntos humanitários nem pela Amnistia Internacional. Escreveu a agência da ONU num relatório citado pelo diário francês Le Monde: "Dos 5600 quilómetros quadrados da Cisjordânia, os palestinianos não têm acesso a 45,47 por cento, que estão ocupados por colonos e pelo exército ou foram declarados zonas de reservas naturais". A inversão desta tendência "é ilusória", salienta o Monde. A criação de um Estado palestiniano é cada vez mais "uma quimera".
Para Amnistia Internacional, cujo relatório foi considerado "imparcial e imoral por Israel", nunca o nível de "desespero, pobreza e insegurança" foi tão grande nos territórios palestinianos. "As restrições impostas são desproporcionadas e discriminatórias. São impostas aos palestinianos porque eles são palestinianos, para único benefício dos colonos cuja presença na Cisjordânia é ilegal", sublinha a organização de direitos humanos com sede em Londres."
Público, 6 Junho 07
6.6.07
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